O lugar de quem? 1c5h8

Atacar a Ministra na forma como a atacou, ninguém, duvida disso, ofende as mulheres como um todo 304b3r

Fonte: Ronaldo Lima Lins - Publicada em 02 de junho de 2025 às 17:21

O lugar de quem?

Marina Silva e senador Marcos Rogério discutem durante audiência de comissão do Senado (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

“Ponha-se no seu lugar!” disse o Senador Marcos Valério diante de Marina Silva, a Ministra do Meio Ambiente, uma mulher franzina, frágil, que na hora cresceu e se fez três vezes maior do que o seu oponente. O Presidente da Comissão de Infraestrutura, ao pronunciar aquelas palavras dava a impressão de que se dirigia a um subalterno, a quem se habituara a mandar e desrespeitar. Foi secundado por Omar Azis, não menos agressivo, e, pior, pelo Senador Plínio Valério, que odeia medidas de proteção ao ambiente. Em circunstância anterior, já confessara que resistira à ideia de estrangular a Ministra. Desta feita, frente a frente com ela, quis separar a mulher do seu cargo. Não funcionou. Uma pessoa como Marina Silva não teme zangões, nem suas ferroadas. Ocupa a pele de uma personagem que sofreu, ou por muita coisa em sua vida e é capaz de defender propostas com unhas e dentes. Sugere a frase citada no filme de Louis Malle Perdas e Danos, com Jeremy Irons e Juliette Binoche: cuidado com os que sofreram; eles sabem que podem sobreviver.

Fundada em sua firmeza pessoal, a Ministra agiu como deveria agir. Como o Senador Plínio Valério não se desculpou, retirou-se de cena. Os dois envolvidos na confusão, o Rogério e o Valério, ficaram com a cara no chão. O clamor contra eles crescia, dentro e fora do recinto. Aqueles tipos de extrema direita se habituaram a hostilizar os quadros do governo chamados para esclarecimentos, no Senado e na Câmara dos Deputados. Consideram-se acima da Lei, protegidos por uma suposta “imunidade” que, dentro das normas, não lhes assegura impunidade. Agora, aqueles heróis de botequim se verão às voltas com processos judiciais, uma vez que a Ministra não deixará por menos as tentativas de humilhação a que tentaram submetê-la. 

Ao contrário do que se supõe, o Parlamento não existe para perturbar a ordem e promover o caos. Entre suas funções está o debate, a livre circulação do pensamento, a troca de argumentos para encontrar saídas que tragam benefícios ao país. No ado, não há memória de níveis de enfrentamento tão baixos. Isso só revela o inconformismo de quem perdeu o segundo turno das eleições. Associa-se ao golpe de 8 de janeiro, às voltas com a justiça e as punições devidas. Amparam-se em modelos de falta de educação e grosseria, típicos da era Bolsonaro, quando, na falta de razão, cuspiam-se palavrões. 

Quem observou as atitudes de Marcos Valério, confrontando-as à MI da Covid, com a sua participação, não pode deixar de recordar como tratava bem os depoentes comprometidos com as falcatruas, em relação ao modo exibido frente a Marina Silva. São dois pesos e duas medidas. O seu lugar, afinal, é na lata de lixo da história?  Atacar a Ministra na forma como a atacou, ninguém, duvida disso, ofende as mulheres como um todo. Que a Comissão de Ética se manifeste desta feita com segurança e sem corporativismo. A nação não gosta de hipocrisia. 

Ronaldo Lima Lins 5a2c46

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

262 artigos

O lugar de quem? 1c5h8

Atacar a Ministra na forma como a atacou, ninguém, duvida disso, ofende as mulheres como um todo

Ronaldo Lima Lins
Publicada em 02 de junho de 2025 às 17:21
O lugar de quem?

Marina Silva e senador Marcos Rogério discutem durante audiência de comissão do Senado (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

“Ponha-se no seu lugar!” disse o Senador Marcos Valério diante de Marina Silva, a Ministra do Meio Ambiente, uma mulher franzina, frágil, que na hora cresceu e se fez três vezes maior do que o seu oponente. O Presidente da Comissão de Infraestrutura, ao pronunciar aquelas palavras dava a impressão de que se dirigia a um subalterno, a quem se habituara a mandar e desrespeitar. Foi secundado por Omar Azis, não menos agressivo, e, pior, pelo Senador Plínio Valério, que odeia medidas de proteção ao ambiente. Em circunstância anterior, já confessara que resistira à ideia de estrangular a Ministra. Desta feita, frente a frente com ela, quis separar a mulher do seu cargo. Não funcionou. Uma pessoa como Marina Silva não teme zangões, nem suas ferroadas. Ocupa a pele de uma personagem que sofreu, ou por muita coisa em sua vida e é capaz de defender propostas com unhas e dentes. Sugere a frase citada no filme de Louis Malle Perdas e Danos, com Jeremy Irons e Juliette Binoche: cuidado com os que sofreram; eles sabem que podem sobreviver.

Fundada em sua firmeza pessoal, a Ministra agiu como deveria agir. Como o Senador Plínio Valério não se desculpou, retirou-se de cena. Os dois envolvidos na confusão, o Rogério e o Valério, ficaram com a cara no chão. O clamor contra eles crescia, dentro e fora do recinto. Aqueles tipos de extrema direita se habituaram a hostilizar os quadros do governo chamados para esclarecimentos, no Senado e na Câmara dos Deputados. Consideram-se acima da Lei, protegidos por uma suposta “imunidade” que, dentro das normas, não lhes assegura impunidade. Agora, aqueles heróis de botequim se verão às voltas com processos judiciais, uma vez que a Ministra não deixará por menos as tentativas de humilhação a que tentaram submetê-la. 

Ao contrário do que se supõe, o Parlamento não existe para perturbar a ordem e promover o caos. Entre suas funções está o debate, a livre circulação do pensamento, a troca de argumentos para encontrar saídas que tragam benefícios ao país. No ado, não há memória de níveis de enfrentamento tão baixos. Isso só revela o inconformismo de quem perdeu o segundo turno das eleições. Associa-se ao golpe de 8 de janeiro, às voltas com a justiça e as punições devidas. Amparam-se em modelos de falta de educação e grosseria, típicos da era Bolsonaro, quando, na falta de razão, cuspiam-se palavrões. 

Quem observou as atitudes de Marcos Valério, confrontando-as à MI da Covid, com a sua participação, não pode deixar de recordar como tratava bem os depoentes comprometidos com as falcatruas, em relação ao modo exibido frente a Marina Silva. São dois pesos e duas medidas. O seu lugar, afinal, é na lata de lixo da história?  Atacar a Ministra na forma como a atacou, ninguém, duvida disso, ofende as mulheres como um todo. Que a Comissão de Ética se manifeste desta feita com segurança e sem corporativismo. A nação não gosta de hipocrisia. 

Ronaldo Lima Lins 5a2c46

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Comentários 2q4d5t

  • 1
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    Evald 03/06/2025

    Nem Michel Temer nem Bolsonaro conseguiram asfaltar a br 319 porque esse IBAMA, Imbio ,ONGs estruturados durante o governo Lula e Dilma imperavam não dando licença para asfaltar o trecho do meio. Só conseguiu uma licença no governo Bolsonaro no fim de seu mandato mas só foi o Lula e sua Trumpe entrar no governo eles caçaram essa licença dizendo que o estudo não havia sido bem feito. Bando de canalhas.

  • 2
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    Sério? 03/06/2025

    Maria Aparecida de Souza, Lula Dilma ficaram quanto tempo no governo hein?

  • 3
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    Maria Aparecida de Souza 02/06/2025

    Mas Paulo, por que durante os 15 anos que a Marina Silva esteve longe do governo os presidentes da direita não asfaltaram a estrada? Bolsonaro e Michel Temer governaram durante sete anos e nada fizeram. Por que a culpa tem que ser só dá Marina? O texto, Paulo, fala sobre a arrogância, a misoginia e a falta de educação de um homem contra uma mulher indefesa. Pelo visto você, Paulo, também ataca as mulheres e se cala diante dos homens.

  • 4
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    Maria Aparecida de Souza 02/06/2025

    Mas Paulo, por que durante os 15 anos que a Marina Silva esteve longe do governo os presidentes da direita não asfaltaram a estrada? Bolsonaro e Michel Temer governaram durante sete anos e nada fizeram. Por que a culpa tem que ser só dá Marina? O texto, Paulo, fala sobre a arrogância, a misoginia e a falta de educação de um homem contra uma mulher indefesa. Pelo visto você, Paulo, também ataca as mulheres e se cala diante dos homens.

  • 5
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    paulo 02/06/2025

    O Senador Rondoniense agiu de forma correta, como Presidente da sessão tem toda autoridade e autonomia legal de chamar a atenção de quem não se porta de forma correta e desrespeitosa para com o Senado da República. Se fosse um Presidente Republicano teria demitido do cargo essa senhora de forma exemplar.

  • 6
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    paulo 02/06/2025

    Essa senhora do Acre é incompetente, arrogante, prepotente e se acha a dona da Amazônia, que não é, nunca foi e nunca será !!!. Só atrasa o desenvolvimento das regiões e estados da Amazônia legal e do Agro negócio com esse negócio de PRESERVAÇÃO DA AMAZÔNIA, é tudo balela e narrativas sem sexo e sem fundamento legal. Ela gosta mesmo é de ONGs !!!. Falou que é de ONG está tudo liberado por ela. Tudo para "inglês vê". Já ou da hora dessa senhora pegar o banquinho dela e sair de fininho de volta ao Acre, de onde nunca deveria ter saído. É a real.

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